Blog da Produttare
As obras rodoviárias no Brasil representam uma grande parte dos investimentos em infraestrutura. No entanto, diferentemente da manufatura, essa indústria encontra-se nas etapas iniciais de desenvolvimento dos seus sistemas produtivos.
Neste vídeo, Altair Klippel, sócio-consultor da Produttare, apresenta a Gestão dos Postos de Trabalho – GPT, ferramenta do Pilar Melhoria Focalizada da Gestão Produtiva Total – TPM, para elevar a eficiência operacional do processo na ICCILA, uma indústria da construção rodoviária.
Este vídeo foi extraído do evento online "O Novo Paradigma na Construção de Rodovias - Webinar", onde Alberto Wagner, mestre da Unisinos, Eduardo de Oliveira, sócio-diretor da Produttare Lean Construction e Altair Klippel, discutem como a Filosofia Enxuta – na qual se inclui a GPT – aplicada à indústria da construção pode otimizar o processo de obras rodoviárias. Clique aqui para assistir ao webinar na íntegra.
O que é a Gestão Produtiva Total (TPM)?
O Total Productive Maintenance (TPM), ou Gestão Produtiva Total, é uma metodologia que visa prevenir falhas e assegurar uma produção com i) zero defeitos; ii) zero quebras e iii) zero acidentes. Ela busca manter e conservar os equipamentos através da gestão da produtividade como um todo. Os 8 pilares que compõem a TPM são:
- Melhoria Focalizada;
- Manutenção Autônoma;
- Manutenção Planejada;
- Manutenção da Qualidade;
- Gestão Antecipada;
- TPM nas Áreas Administrativas;
- Educação e Treinamento;
- Saúde, Segurança e Meio Ambiente.
A Gestão do Posto de Trabalho - GPT
A Gestão dos Postos de Trabalho – GPT é um modelo de Gestão Sistêmica, Unificada/Integrada e Voltada aos Resultados e surge como uma alternativa para o aumento da capacidade de produção de um sistema produtivo, sem a necessidade de realização de grandes investimentos.
Ela é monitorada pelo indicador de desempenho denominado IROG – Índice de Rendimento Operacional Global, que pode ter duas abordagens: i) em postos de trabalho críticos, sendo denominado de TEEP (Total Effective Equipment Productivity) e ii) em postos de trabalho não críticos, sendo denominado de OEE (Overall Equipment efficiency).
Mas com tantos postos de trabalhos existentes, como escolher o ponto de partida? Para solucionar esse problema, devemos identificar o posto de trabalho do sistema restritivo, aquele que impede a empresa de ganhar mais dinheiro – o gargalo.
Definindo o Posto de Trabalho Restritivo
Os gargalos são recursos que limitam a produção, ou seja, são recursos cuja capacidade de produção é inferior à demanda em um determinado período. Caso existam vários recursos que possuem capacidade inferior à demanda, o gargalo principal será aquele recurso onde se encontra o maior déficit de capacidade. No projeto piloto na ICCILA foi identificado que o recurso que limitava a sua produção, o gargalo, era a carreta de cones.
Como monitorar o desempenho do recurso restritivo?
Para que seja possível a elaboração de planos de ação na solução dos principais motivos de ineficiência de um posto de trabalho, é importante que se saiba determinar e distinguir com clareza quais são as causas básicas que os originam.
Neste sentido, o cálculo do IROG (TEEP/OEE), resultado da multiplicação de três índices, possibilita identificar as perdas existentes em um sistema produtivo. Os índices são:
- Índice de Disponibilidade – Relacionado aos tempos de parada dos equipamentos;
- Índice de Desempenho – Relacionado com a queda de velocidade, pequenas paradas temporárias e outras perdas não registradas;
- Índice de Qualidade – Relacionado com a produção de itens não conformes.
Mais do que simplesmente replicar é preciso ADAPTAR
Toda implantação dos conceitos da Produção Enxuta, oriundos da indústria automobilística, como é o caso da GPT, quando implantados em outros segmentos industriais devem ser devidamente adaptados às suas respectivas características.
Na indústria de mineração, como é o caso do processo em análise da ICCILA, o sistema produtivo tem apenas uma matéria-prima – o minério existente na jazida – que dá origem no final do processo a alguns poucos bens minerais. Ele é processado em vários equipamentos nas instalações de beneficiamento mineral, entre os quais a carreta de cones, sendo transportado através de correias transportadoras ao longo do processo, em fluxo contínuo.
Considerando a falta de uma balança para pesagem da matéria-prima na correia transportadora que alimenta a carreta de cones, o Índice de Desempenho foi considerado como 100%, da mesma forma que o Índice de Qualidade, por se tratar de um fluxo contínuo. Assim, o cálculo do IROG restringiu-se ao cálculo do Índice de Disponibilidade.
A evolução do IROG
Para o cálculo do IROG (TEEP/OEE) é necessário que se faça uma coleta de dados bem acurada, ou seja, i) com registro da tipologia de paradas correto; ii) com tempo inicial e final de paradas bem registrados; iii) com tempos de ciclo bem definidos e iv) com registro de quantidades de itens conformes e não conformes corretos.
Ao não se registrar corretamente estas informações, corre-se o risco de se obter um valor do IROG (TEEP/OEE) que não corresponde à realidade. Esta situação foi constatada no caso da ICCILA antes do início do projeto, quando o valor do IROG (TEEP/OEE) registrado era de 73,50%. Após o início do projeto, com a acuracidade dos dados, o valor inicial registrado foi de 59,43% atingindo, após 8 meses de projeto, o valor de 76,53%, com o indicador de desempenho em ascensão.
Melhoria contínua
A consolidação da Gestão do Posto de Trabalho – GPT e a obtenção de resultados melhores é obtida através da realização das seguintes atividades:
- Consolidação da Rotina: Realizada através das reuniões mensais e semanais e auditorias preconizadas pela metodologia, com a elaboração de planos de ação e implantação de melhorias;
- Foco na análise das causas básicas de paradas para aumento do IROG (TEEP/OEE): Persistência no registro correto das causas básicas que ocasionam a ineficiência operacional. No caso da ICCILA é de extrema importância o registro correto dos tempos e tipologias de paradas;
- Replicação da Metodologia: Uma vez consolidada a implantação da GPT no equipamento piloto, é possível replicar a metodologia para os demais equipamentos críticos do processo.
Resultados
O aumento do IROG (TEEP/OEE) da carreta de cones, gargalo das instalações de beneficiamento mineral, trouxe como resultado permanente a disponibilidade de material a ser utilizado nas obras rodoviárias da ICCILA. Antes da implantação da Gestão do Posto de Trabalho – GPT era comum a falta deste material, com consequente paralisação das obras, por conta da baixa eficiência operacional da carreta de cones.
Os resultados obtidos são consequência da mudança comportamental dos colaboradores da ICCILA, pela sua ativa participação nas atividades de implantação do projeto, através de sugestões e forte engajamento, implantando na empresa uma cultura para mudanças.