Blog da Produttare
Inquestionavelmente, a quebra de paradigma de como um sistema de produção deve ser analisado e estudado, atualmente conhecida como Sistema de Produção Enxuta ou Lean Manufacturing System, se constituiu em um marco nas práticas de gestão da Engenharia de Produção.
O paradigma tradicional, de que um sistema de produção deve ser analisado através de um único eixo, de processo, sendo este simplesmente constituído por um conjunto de operações, foi definitivamente rompido.
Na realidade, segundo os construtores do STP, um processo é muito mais do que simplesmente um conjunto de operações, visto que, estando elas interligadas, deve-se considerar não somente o que ocorre não nelas, mas também entre elas.
Assim, no STP concluiu-se que, na realidade, existem dois eixos de análise no fenômeno da produção: o eixo do processo e o eixo das operações. Segundo Shingo, “Produção constitui uma rede de processos e operações, fenômenos que se posicionam ao longo de eixos que se interseccionam. Em melhorias de produção, deverá ser dada prioridade máxima para os fenômenos de processo”.
O eixo do processo corresponde ao fluxo das matérias-primas e dos materiais que se transformam em produtos, ao passo que o eixo da operação corresponde ao fluxo de pessoas, máquinas e instalações, o qual interage com o fluxo das matérias-primas e materiais.
Logo, o processo pode ser entendido como sendo o fluxo de produtos de um trabalhador para outro, ou seja, os estágios pelos quais a matéria-prima ou material se move até se tornar um produto pela sua transformação gradativa, ao passo que a operação se refere ao estágio distinto no qual um trabalhador pode trabalhar em diferentes produtos, em um fluxo temporal e espacial, que é firmemente centrado no trabalhador.
Exemplificando, ao se observar o processo de produção em uma indústria metalmecânica, estar-se-á observando o que ocorre com uma chapa de aço até a sua transformação em um componente ou produto. É a observação da produção do ponto de vista do objeto do trabalho (materiais ou produtos).
Por outro lado, as operações podem ser visualizadas como o trabalho para efetivar esse processo. É a observação da produção do ponto de vista do sujeito do trabalho (máquinas e trabalhadores), com o foco dirigido e mantido em um ponto da produção, ocupado por um operador, um equipamento ou, ainda, como uma combinação entre ambos.
Da conceituação acima, constata-se que o processo nada mais é do que o fluxo do produto, ao passo que a operação vem a ser o fluxo do trabalho. Conforme já mencionado, estes dois fluxos não são fenômenos sobrepostos pertencentes a um mesmo eixo de análise, mas sim fenômenos pertencentes a eixos diferentes que, na sua interseção, constituem o mecanismo da produção.
Por pertencerem a eixos diferentes, estes fenômenos devem ser analisados separadamente:
↳ A análise das operações contribui apenas para a redução dos custos de produção.
↳ A análise do processo permite o aumento de sua eficácia, pela maior agregação de valor ao produto, bem como a eliminação das perdas.