O que é Engenharia de Produção? Profissão, Paradigmas e Modelos

O que é Engenharia de Produção? Profissão, Paradigmas e Modelos

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Neste artigo abordaremos diversos tópicos que tangem a Engenharia de Produção, você vai entender as competências da profissão, a origem da Engenharia e seus respectivos paradigmas ao longo do tempo, como também os modelos de produção desenvolvidos no decorrer da história, usados por empresas tradicionais como Toyota, Hyundai e Boticário aqui no Brasil

Responsabilidades de um Engenheiro de Produção.

Resumidamente, como atribuições em um ambiente empresarial e competitivo, cabe ao profissional de Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação e energia. Dessa forma, trabalhando em conjunto com todos os setores da organização a fim de criar vantagem competitiva em cima dos seus concorrentes.

A literatura aborda diversos modelos de produção criados no decorrer do último século até então, falaremos a seguir de alguns deles e suas principais características. São 6 modelos, sendo eles:

  1. Sistema Toyota de Produção - STP
  2. Total Quality Control - TQC
  3. Gestão Produtiva Total (Total Productive Maintenance) - TPM
  4. World Class Manufacturing - WCM
  5. Teoria das Restrições (Theory of Constraints) - TOC
  6. Lean Enterprise

É importante notar, porém, que as atribuições dadas a um Engenheiro de Produção fazem necessário que ele entenda cada um desses modelos e aplique seus ensinamentos característicos de acordo com a realidade da organização em que trabalha, prestando atenção nas condições únicas e o contexto próprio em que sua empresa está inserida.

Desta forma, com um processo interno organizado e voltado para os resultados e construção de vantagem competitiva, é possível estabelecer o seu Sistema de Produção Próprio.

Paradigmas da Engenharia de Produção

Shigeo Shingo, em suas reflexões acerca da evolução dos sistemas produtivos ao longo da história, sugere a divisão em 5 determinadas Revoluções. Complementando o pensamento de Shingo (1996b), Antunes et al (2008) sugere um critério simples e direto como perspectiva a ser observada, baseado no Mecanismo da Função Produção proposto pelo próprio japonês, para o melhor entendimento dos Paradigmas em Engenharia de Produção. 

Vocês podem observar na figura acima, a sugestão de 3 grandes períodos no que tange os paradigmas em Engenharia de Produção (ANTUNES, 1988):

  • • Período pré-paradigmático; 
  • • Período do paradigma dos sistemas produtivos baseados nas operações; 
  • • Período do paradigma dos sistemas produtivos voltado à melhoria nos processos.

A partir do Período do paradigma dos sistemas produtivos voltado à melhoria nos processos, passamos a ter os mais avançados Modelos de Produção, uma breve introdução sobre os principais está listada abaixo.

Modelos de Produção

Sistema Toyota de Produção - STP

Explicado pelos autores Taiichi Ohno e Shigeo Shingo, o Sistema Toyota de Produção tem por conceito a redução do tempo de atravessamento, sendo este fundamental para as organizações, tanto para reduzir custos de produção como para aumentar o faturamento. Trata-se de uma metodologia para implantação no médio e longo prazo.

O método tem por base cinco princípios:

  • Estabilidade do sistema assegurando qualidade garantida;
  • Sincronização através da produção do necessário, no momento necessário e na quantidade necessária;
  • Redução do lead time;
  • Aumento da eficiência dos equipamentos (OEE);
  • Aumento da produtividade da mão de obra.

A forma de mensuração é através da engenharia de produção lucrativa maximizando o giro do capital a partir do fluxo das operações.

Controle da Qualidade Total ao Estilo Japonês (Total Quality - TQC)

Esta teoria tem por autores seminais Vicenti Falconi e a JUSE (Union of Japonese Scientists and Engineers), e seu conceito é baseado na melhoria do ativo de conhecimento e do ativo de capital, na busca da melhor utilização dos ativos. Trata-se de uma metodologia para implantação no médio e longo prazo.

O método é composto por oito passos:

  • Organização para a implantação;
  • Definição das metas;
  • Definição do plano de implantação do TQC;
  • Atividades de promoção da qualidade;
  • Educação e treinamento para a qualidade;
  • Implantação dos subsistemas básicos;
  • Implantação de atividade para aumento da satisfação com o trabalho;
  • Auditorias.

O TQC trabalha com três ciclos de gestão; ciclos de rotinas; ciclo de melhoria e ciclo de desenvolvimento de produtos.

Gestão Produtiva Total - Total Productive Management - TPM

A Total Productive Management, dos autores Seiichi Nakajma e JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance), visa a maximização da utilização dos ativos, sendo uma metodologia de implantação no longo prazo.

O método é composto por pilares básicos (Melhoria Focalizada, Manutenção Autônoma, Manutenção Planejada, Educação e Treinamento, e Gestão Antecipada) e complementares (Manutenção da Qualidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente e TPM Office).

Os resultados obtidos com a implantação do TPM são monitorados pela melhoria do Índice de Rendimento Operacional Global – IROG (TEEP/OEE) e a performance (PQCDSM).

World Class Manafacturing (WCM)

A World Class Manufacturing (WCM), cujo autor é Hajme Yamashina, é adotada por muitas empresas, com forte aplicação na FIAT e na FCA, tendo por conceito a redução de perdas e de custos no ciclo logístico e produtivo, combinando as metodologias TQC, TPM e STP.

Para uma melhor compreensão desta metodologia, pode-se afirmar que o TQC é o cérebro do WCM, o TPM é o músculo do sistema e o STP o sistema nervoso. 

O método é composto por quatro etapas:

  1. Definição de onde aplicar;
  2. Definição de qual método aplicar;
  3. Desenvolver pessoas;
  4. Aplicação dos sete passos de cada pilar.

Embora o foco desta metodologia seja sistêmico, no fluxo de valor, é possível mensurar este método a longo prazo por meio da redução de custos.

Teoria das Restrições (TOC -Theory of Constraints)

Esta teoria, proposta por Eliyahu M. Goldratt, tem por base a gestão da produção a partir das restrições existentes em um sistema produtivo. Segundo esta, ao analisar um sistema produtivo como um todo, é necessário identificar quais são as restrições do mesmo, ou seja, quais são os gargalos de produção.

Uma das vantagens da Teoria das Restrições é que ela pode ser implantada num curto prazo, adotando-se rapidamente a lógica do Tambor, Pulmão e Corda: o Tambor representa a restrição do sistema; o Pulmão representa os pontos onde devem existir buffers (pouco estoque de material) no fluxo de produção de forma a impedir a interrupção do sistema e a Corda simboliza a subordinação do ritmo de produção de postos de trabalho não restritivos ao ritmo do gargalo.

O método é composto de cinco passos:

  • Identificar a restrição;
  • Explorar a restrição;
  • Subordinar todos os recursos à restrição;
  • Elevar a restrição;
  • Repetir o ciclo, evitando que a inércia tome conta do sistema.

A Teoria das Restrições propõe os indicadores Lucro Líquido, Retorno sobre o Investimento (ROI) e Caixa para a gestão do sistema produtivo.

Lean Enterprise

O Lean Enterprise, que tem como principal autor James Womack, tem por conceito básico a redução de desperdícios existentes em um sistema produtivo, sendo uma metodologia a ser implantada no médio e longo prazo.

O método é composto por cinco passos:

  1. Identificar valor para o cliente;
  2. Identificar fluxo do valor;
  3. Fluxo;
  4. Puxar;
  5. Perfeição.

Esta teoria pode ser mensurada por meio da redução dos tempos de atravessamento (lead time), focando nos fluxos empresariais e de produção, tanto na engenharia de produto quanto no processo e no ambiente fabril.

Em Direção ao Sistema de Produção Próprio

Como conclusão geral, de acordo com o que foi abordado no início do texto, está a efetiva necessidade de construir sistemas de produção que proporcionem competitividade para a empresa em específico. Destacam-se 4 elementos centrais para este desenvolvimento:

  1. Armas competitivas. Conhecer os diferentes modelos de produção e suas características; 
  2. Dimensões competitivas. Compreender os aspectos específicos de mercado e como impactam no ambiente produtivo;
  3. Condições competitivas. Entender como os processos internos podem se tornar um diferencial competitivo; 
  4. Aptidões competitivas. Avaliar a cultura e o conjunto de competências internas para que o desenvolvimento seja sustentável

“O mais importante não é o sistema, mas a criatividade dos seres humanos que selecionam e interpretam a informação. Tais aperfeiçoamentos são feitos diariamente graças ao vasto número de sugestões recebidas de seus funcionários”. (Taiichi Ohno, 1996)

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Bibliografia

ANTUNES, JUNIOR, J.A. Em Direção a uma Teoria Geral do Processo na Administração da Produção: Uma Discussão Sobre a Possibilidade de Unificação da Teoria das Restrições e da Teoria que Sustenta a Construção dos Sistemas de Produção com Estoque Zero, Tese de Doutorado, UFRGS, Porto Alegre, 1988.

ANTUNES JÚNIOR, J.A.; ALVAREZ, R.; KLIPPEL, M.; BORTOLOTTO, P.; PELLEGRIN, I. Sistemas de Produção: Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Produção Enxuta. Porto Alegre: Bookman. 2008.

SHINGO, S. Sistema de Produção com Estoque-Zero: O Sistema Shingo para Melhorias Contínuas. Porto Alegre, Editora Bookman, 1996b.

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