Notícias da Produttare
Muitos movimentos em nossa rede nos demonstram que uma nova era - mais colaborativa, mais competitiva, com maior valorização de cadeias locais - surgirá pós-pandemia.
As medidas de isolamento social vêm afetando a vida de todos, em todo o planeta. Como manifestamos em nosso primeiro comunicado, divulgado assim que as primeiros decretos de interrupção de atividades iniciaram, estamos vivenciando uma realidade que não fazia parte dos cenários que considerávamos possíveis.
De uma hora para outra, o coronavírus paralisou o mercado, suspendeu aulas, cancelou eventos, fechou o comércio, confinou famílias e sobrecarregou sistemas de saúde. Na tentativa de reduzir a circulação do novo coronavírus, estamos passando por uma forte redução na atividade econômica. A crise fez com que a indústria atingisse em tempo recorde um grande nível de ociosidade. Somente setores essenciais como alimentos e medicamentos mantiveram razoavelmente os níveis de produção, e alguns pouquíssimos cresceram, fruto de transformações do mercado na tentativa de manter atividades.
Por outro lado, entre tantas ansiedades, obstáculos e instabilidades, vemos uma mobilização formidável da sociedade e de empresas. O momento despertou a solidariedade e muitas companhias, de diferentes portes e segmentos, têm se empenhado não só em organizar campanhas e fazer doações, mas também fazendo uso das estruturas de suas operações para contribuir ao enfrentamento do Covid-19. Temos acompanhado e auxiliado algumas iniciativas de clientes e parceiros.
Para trazer alguns exemplos "de casa", a Cliever, fabricante de impressoras 3D, se articulou para direcionar sua produção, de forma excepcional e temporária, para impressão de máscaras faciais, peças para respiradores mecânicos e outros itens congêneres. A empresa já efetivou uma parceria com governo do estado de Minas Gerais para produção de respiradores, atendendo não só a demanda do estado como também de outras partes do Brasil e do mundo.
Temos também a Fundição Tupy, que liderou uma iniciativa para construção de um centro de triagem para atendimentos a pacientes com suspeita de coronavírus.
Vale citar o esforço da Intelbras que, por meio de sua unidade na China, adquiriu 100 respiradores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o Governo de Santa Catarina, comprando antecipadamente e repassando ao governo apenas o preço de custo.
Cliever Shield: protetor facial transparente, utilizado para preservar a segurança em ambientes hospitalares.
E da Tramontina, que doou R$ 1 milhão para a Santa Casa de Porto Alegre, recurso que será utilizado na criação de novos leitos de UTI.
A caxiense Randon mobilizou uma de suas operações para a fabricação de máscaras de proteção facial, destinado-as a profissionais de saúde e segurança que atuam na linha de frente. Forneceu sensores de pressão importados para um protótipo de ventilador pulmonar, em parceria com Hospital Geral (HG) de Caxias. O grupo também organizou uma grande campanha para distribuir 50 mil frascos de álcool em gel em pontos de atendimento espalhados por todo país.
Força tarefa da Randon distribui 50 mil frascos de álcool gel para caminhoneiros em 14 estados.
O movimento solidário empresarial em todo o Brasil é enorme
São incontáveis os exemplos de empresas e instituições envolvidas na luta contra a pandemia, na defesa da vida e na busca de uma diminuição do impacto em nossa economia.
Gerdau, Ipiranga, Grupo Zaffari e Hospital Moinhos de Vento vão construir um centro de tratamento com 60 leitos que continuarão sendo usado após a pandemia.
Podemos citar ainda iniciativas como a da Renner, que anunciou a doação de R$ 4,1 milhões a hospitais e também mobilizou uma rede de colaboração que resultará na doação de mais de 1,3 milhão de unidades de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para instituições de saúde e profissionais dedicados ao tratamento de pacientes com coronavírus em diferentes cidades do Brasil. Para fabricar 1,2 milhão de máscaras de proteção e 150 mil aventais hospitalares, foram providenciadas cerca de 16 toneladas de matéria-prima 100% nacional – uma parte foi comprada pelo Instituto Lojas Renner e a outra foi doada pelas empresas Braskem, que fabricou a matéria-prima, e Fitesa, que a converteu em não tecido.
E já que falamos da Braskem, outro exemplo de iniciativa: a petroquímica criou uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para sua cadeia de fornecedores.
Tem ainda a catarinense Hering, que mobilizou parte da sua equipe da fábrica para produzir uniformes para equipes médicas que estão atendendo os pacientes nos hospitais. E em São Paulo, cidade com o maior número de casos confirmados, entre dezenas de iniciativas, Ambev, Gerdau e o Hospital Albert Einstein fizeram parceria para construir um centro de tratamento com 100 leitos que atenderão o público exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
E a Weg que adaptou sua operação de químicos para produzir álcool em gel, assim como a Anjo Tintas que passou a produzir álcool líquido e em gel - ambas doando aos hospitais públicos das suas regiões. Outra divisão da Weg se estruturou para fabricar respiradores artificiais.
A lista não cessaria por aqui, o que talvez diga muito a respeito de uma nova era, de uma nova economia solidária que está se desenhando.
Por fim, ainda resgatando o que manifestamos em nossa carta, publicada dia 24 de março: desta crise, até o momento, há somente a certeza de que sairemos dela significativamente diferentes do que entramos, sobre vários aspectos. E muitos movimentos ao nosso redor nos demonstram que será para melhor, onde o esforço coletivo poderá promover uma retomada econômica mais rápida e um novo cenário de colaboração, com uma competitividade mais saudável, que valorize as relações, reforce os laços das cadeias locais e coloque a indústria nacional em um novo ciclo, com prosperidade e desenvolvimento sustentável.
Seguimos juntos!
Ivan De Pellegrin e Flavio Pizzato | sócios-diretores da Produttare
*A imagem que abre a publicação mostra o início da construção do Centro de Triagem do coronavírus no ginásio da Associação Atlética da Tupy, em Joinville/SC.